Hoje
fiz uma grande descoberta, que todos os seres humanos tem em si, um quê de repórter. Não que esta seja uma má profissão, não se trata disso, mas sim, no que diz
respeito da necessidade que o homem de
maneira geral tem de falar da vida dos
outros.
Ele se acha com direito e dever, e em alguns momentos até sente prazer,
em por em pauta e evidência a vida alheia, apontando suas falhas e fraquezas.
Esquecem-se
de que ele mesmo falha e erra.
Este
prazer, em por às claras as falhas de seus semelhantes, faz parte da
competitividade humana, achando que para alguém subir ou se dar bem na vida,
outro tem que cair.
Em
dado momento da tarde de hoje, um amigo, de nome André, bateu a porta de minha
sala de trabalho, e após entrar, começou a puxar conversa. Dentre tudo que
comentou, chamou-me a atenção comentário feito a respeito de seu velho pai, que
estando em idade avançada, parece ter desistido da vida. Ele já não mais se
preocupa em alimentar-se , nem com seu próprio corpo, pois também já não se
banha e nem se atavia mais, passando a andar nu dentro de casa.
Os
irmãos de André, preocupados com as atitudes do pai, resolveram então ligar
comunicando-lhe assim os fatos. André resolveu consolá-los , dizendo que isso
era normal e que a hora da partida do pai, já era chegada. Disse-lhes também André,
que não se preocupassem pois ele estava tranquilo.
Confesso
que estranhei tal comentário, mas permaneci calado ouvindo os comentários de
André, que culminaram por apontar o pai, como uma pessoa ingrata , que traia a
mãe e que por ela nada fizera. Sua mãe, já falecida há 08 anos, nunca reclamara
do marido e em todas as lutas e
dificuldades, confiava que Deus cuidaria de todos.
O
pai, segundo André, é funcionário aposentado do estado, possuindo alguns bens
imóveis e móveis, alguns adquiridos após a morte de sua mulher, e já em
convivência com outra senhora.
Não
preciso nem dizer, que André nutre por esta senhora uma grande mágoa, se por
ciúme ou não, quiçá por almejar tais bens, eu nada posso afirmar. Fato é, que
isso ficou bem entendido em nossa conversa, se é que posso chamar assim, já que
só ele falava, ou melhor, desabafava.
Disse
ainda, que sua mãe partira cedo e que ela merecia viver um pouco mais. Deus não
foi justo.
Agora
me respondam:
Quem
deu a ele, o direito de julgar seu pai? Quem o nomeou Juiz ou acusador?
Quem
pode assumir o lugar de Deus e determinar quem deve morrer, e quem não deve,
quando a hora é a hora de um ou de outro partir?
Será
que Deus entrou de férias e eu não sei? Isso justifica o fato de tantas pessoas
se acharem no direito de ocupar o ligar de Deus, pois ele ficou vago.
Entenda-se
de uma vez por todas, que a vida e a morte, se manifestam por vontade divina, e
que nenhum de nós, meros mortais, recebemos permissão para julgar, apontar e
definir nada contra ninguém.
A
mentalidade humana, advinda de um entendimento
materialista, leva o homem a ver seu semelhante como um adversário a ser
batido, e a luta por se por, ou ser posto em evidência ou destaque, muitas das
vezes se torna cruel. Esta não respeita nem resguarda nem os laços consanguíneos
, ou seja, até a carne da minha carne, pode se tornar meu rival e inimigo.
Pré
julgam, apontam, condenam, sem a mínima misericórdia, não levando em conta
sequer, o que a referida pessoa tenha feito de bom. Se isto ocorre entre
familiares, que dirá entre os apenas conhecidos ou desconhecidos.
Ninguém,
na verdade, busca se preparar para praticar o perdão.
Perdoar
significa, esquecer o anterior, deixar para trás o que passou, não levar em
conta o passado, dar nova oportunidade, ver com outros olhos, crer na mudança e
novidade de vida.
Todos,
sem exceção querem ser perdoados quando falham. Todos querem poder mudar de
direção e recomeçar, mas, de forma egoísta acham, não sei porque motivo, que
esse direito é só seu, e de mais ninguém.
Eu
não posso julgar ninguém, por algo que não presenciei, que não vi, e sobre fato
que não me causou nenhuma consequência. Fulano brigou com beltrano, mas comigo
sempre manteve respeito e bom trato. Como posso então me achar no direito de
julgá-lo ?
Um
bom exemplo do que falo, é o exemplo contido no texto de João, capítulo 8 do
verso 01 ao 11, onde uma mulher flagrada em adultério estava por ser
apedrejada. Todos ali, menos Jesus, queriam a sua morte, e apontavam e criticavam
seu erro, já de ante mão condenado-a. Jesus em sua infinita sabedoria, apenas
lhes disse: “ Aquele dentre vós estiver sem pecado, atire a primeira pedra”(
verso 7).
Segundo
o texto, ninguém a apedrejou e a acusou mais, se retirando dali todas aquelas
pessoas.
Será
que o pai do André não desistiu da vida , justamente por não ter recebido o
perdão dos filhos?
Todos
nós falhamos em algum momento de nossas vida e segundo Deus, somos merecedores
de nova oportunidade. Deus nos vê como iguais e merecedores de perdão.
Apenas
os mesquinhos, os maus, os egoístas, teimam em apontar e acusar, querendo
encobrir suas fraquezas e defeitos com os desacertos e pecados alheios.
Queridos,
Deus é Deus de justiça, mas também de amor, e mesmo para os nossos acusadores,
deve existir o perdão.
“ A
FALTA DE PERDÃO, GERA A MORTE DA ALMA “.
Grande
abraço.
Cristo
vos abençoe.
Pr.
Paulo Nercelhas.
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