Rio - Para os ambientalistas, a Rio+20 deixou lições de como lidar com questões da sustentabilidade. Para a segurança pública, o maior legado da conferência da ONU foi a experiência adqurida, fundamental para superar o desafio dos megaeventos que o Rio sediará até 2016. Para garantir o sucesso da missão de proteger a cidade, as forças policiais foram buscar treinamento, equipamentos e metodologias de trabalho que continuarão sendo usados no combate ao crime a partir de agora.

Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia
A arma belga de ar comprimido FN303 é a mais nova aliada da PM fluminense: ela será usada no controle de distúrbios urbanos | Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia

Segundo a Secretaria de Segurança, foram investidos R$ 12 milhões de recursos próprios na compra de cavalos, equipamentos de proteção para policiais e armamento não-letal. A conferência também serviu como estreia do Regime Adicional de Serviço (RAS), o ‘bico’ oficial que permite aos policiais remuneração para o cumprimento de horas extras. O anúncio foi feito em entrevista ao DIA pelo secretário José Mariano Beltrame.
Para a Rio+20 os agentes do Serviço Aeropolicial (SAer) da Polícia Civil treinaram pela primeira vez técnicas de tiro de precisão aérea a longa distância. A instrução reduz o risco de policiais serem atingidos nas operações. “Do alto, temos que identificar a situação e decidir o que fazer muito rapidamente. Os policiais aprendem a visualizar melhor e os atiradores de precisão, a fazer disparos a distâncias maiores, diminuindo os riscos”, explica o coordenador do SAer e piloto, Adônis Lopes.

DISTÚRBIOS URBANOS
Foi em uma ação rotineira de combate ao crime que a técnica mostrou eficácia: três dias antes da conferência, os policiais viram, do alto, ladrões assaltando turistas chineses e pousaram a aeronave na praia de Copacabana para prendê-los. Os agentes do SAer também treinaram com a Marinha simulação de retomada de embarcações com desembarque do helicóptero em rapel tático.
Herança do investimento para o evento, a arma belga de pressão FN303 é o mais novo aliado do Batalhão de Choque no controle de distúrbios urbanos. O equipamento usa munição de tinta ou de pimenta para disparos a distâncias de até 30 metros. Também na lista de material usado no dia a dia estão o extintor com um litro de spray de pimenta, os escudos redondos, armadura tipo ‘Robocop’ e nove motos Harley-Davidson, que foram consertadas para o uso em escoltas.

Centro de Controle para planejar operações da PM
Dentro do Quartel-General da PM, todas as atenções estão voltadas para o Centro de Controle da Polícia Militar (Cecopom), o novo órgão responsável pelo planejamento e gerenciamento das operações e patrulhamento em toda a cidade. Desde que começou a funcionar, com a Rio+20, é lá que estão concentradas as informações sobre as ocorrências em andamento e os índices de criminalidade, entre outros dados. Do centro saem as decisões sobre como a corporação vai atuar em cada caso.
Os operadores trabalham 24 horas com informações do rádio-escuta, monitoram o deslocamento das viaturas através do GPS exibido em telões e acompanham o atendimento de cada ocorrência. Em casos de crise, o Cecopom aciona o apoio necessário, envia reforços e reúne a cúpula da corporação para analisar e resolver as situações.
Através do novo órgão, a PM do Rio passou a ser a primeira a integrar um banco de dados do FBI, com informações sobre criminosos do mundo inteiro.