Rio -  A menina Bruna da Silva Ribeiro, de 10 anos, baleada durante confronte de policiais e bandidos na Favela da Quitanda Costa Barros, Zona Norte, morreu na noite desta sexta-feira.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, ela passou por uma cirurgia de quatro horas no Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, e recebeu transfusões de sangue, mas não resistiu aos ferimentos.
Pouco depois das 14h, moradores desceram para a pista, pararam os ônibus e obrigaram passageiros a descer. Segundo testemunhas, os próprios manifestantes tomaram a direção dos veículos e os atravessaram na avenida, impedindo o trânsito no local.
Coletivos de pelo menos quatro linhas foram destruídos com paus e pedras. Algumas pessoas jogaram extintores de incêndio e caixotes de madeira nos vidros. Uma barricada de pneus foi montada na rua e homens atearam fogo. Elas gritavam ‘justiça’ e colocaram cartaz em ônibus: “Mais uma vez a comunidade sofre com a covardia dos (sic) Bope”. Veja o vídeo do protesto
Foto: Divulgação

De acordo com a mãe da criança, Anailza Rodrigues Ribeiro, ela já havia perdido um rim. De acordo com Anailza, os médicos do Hospital Carlos Chagas, chegaram a informar que a criança pode ter alguma sequela causada pelo tiro que atingiu sua barriga. Ela seria transferida para o Hospital de Saracuruna, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Policiais do 41º BPM (Irajá) e do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) trocaram tiros com traficantes, na tarde desta sexta-feira, durante operação na Favela da Quitanda. A mãe da menina contou que ela atravessou para desligar o rádio da lojinha da família, em frente à casa onde mora.
"Ela me ajuda a vender salgados. Quando viu o caveirão chegando, foi desligar o rádio e fechar a loja. Eu ainda gritei para ela não voltar, se abrigar lá dentro porque eram muitos tiros, mas ela não ouviu", contou a mãe. A vítima era estudante da quarta série do Ensino Fundamental e estava de férias.
Manifestantes queimaram pneus durante protesto em Costa Barros | Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia
Manifestantes queimaram pneus durante protesto em Costa Barros | Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia
A criança foi socorrida pelos próprios policiais do Bope, que faziam operação também nas comunidades da Pedreira e Lagartixa. Ainda não se sabe de onde partiu o tiro que atingiu a menina.
"Fiquei tão desesperada quando vi minha filha caída e cheia de sangue, que comecei a gritar e parei o caveirão. Os policiais desceram e a colocaram lá dentro. Eles fizeram os primeiros socorros e tiraram a blusa para eu estancar o sangue na barriga dela", lembrou a mãe.
A garota foi levada inicialmente para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Costa Barros, mas depois foi transferida para o Carlos Chagas.
Policiais chegam ao local aonde manifestantes destruíram quatro ônibus | Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia
Policiais chegam ao local aonde manifestantes destruíram quatro ônibus | Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia
O delegado Reginaldo Félix, assistente na 39ª DP (Pavuna), onde o caso foi registrado, afirmou que os dois fuzis que pertenciam aos 'caveiras' foram apreendidos. "Já mandei uma equipe no Carlos Chagas para saber se há projetil e se os médicos retiraram a bala. Caso tenham retirado vou pedi-la para um confronto balistíco que será feito no Carlos Éboli", explicou Félix.
De acordo com a PM, os policiais realizavam a operação para apurar denúncias feitas por moradores que relatavam a presença de chefes do tráfico de drogas envolvidos na ação de ataque à sede da UPP Nova Brasília, no Complexo do Alemão. O Bope também afirma que vai investigar de onde partiu o tiro que atingiu a criança.
Os manifestantes pararam quatro ônibus com paus, pedras e  extintores de incêndio e atravessaram os veículos na pista. Eles quebraram os veículos e atearam fogo em pneus.
A via foi interditada no trecho e motoristas voltavam pela contramão para evitar a região. De acordo com o Bope, as vias da Quitanda e Pedreira já foram liberadas, bem como os pontos interditados na Estrada Botafogo.
Ataques a ônibus marcaram 2010 no Rio. Este ano, só um ônibus foi queimado: em abril, por moradores da comunidade do Rato Molhado, no Engenho Novo, revoltados com operação policial que culminou com uma menina de 10 anos atingida por bala perdida.
Segundo a Rio Ônibus e Fetranspor, um ônibus destruído gera o prejuízo de R$ 355 mil a empresa. Em 2010, cerca de 50 ataques foram registrados.

Colaborou Guilherme Santos